Sabesp passa a reduzir a pressão de água diariamente das 19h às 5h na Grande São Paulo; medida começa nesta segunda
Sabesp passa a reduzir a pressão de água diariamente das 19h às 5h na Grande São Paulo A Sabesp amplia nesta segunda-feira (22) o tempo de redução da pres...

Sabesp passa a reduzir a pressão de água diariamente das 19h às 5h na Grande São Paulo A Sabesp amplia nesta segunda-feira (22) o tempo de redução da pressão da água de oito para dez horas na Grande São Paulo. A partir de agora, a medida temporária será aplicada das 19h às 5h. O objetivo é economizar no abastecimento. Até então, desde o dia 27 de agosto, a pressão da água era reduzida diariamente das 21h às 5h na região metropolitana. A Sabesp segue uma recomendação da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) diante da falta de previsão de chuvas e do baixo nível dos reservatórios. Casas que ficam em bairros mais altos e afastados do Centro da capital paulista correm o risco de ficar completamente sem água à noite. (Entenda mais abaixo.) ✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp Também foi determinado o gerenciamento de pressão no período diurno em patamares que garantam o abastecimento de todos. Em agosto, a Sabesp informou que a ação é preventiva, temporária e atende a uma deliberação da Arsesp “com o objetivo de reduzir perdas e evitar vazamentos, preservando, assim, os reservatórios que abastecem a região”. sabesp torneira Divulgação/Sabesp “A Sabesp ressalta que imóveis que possuem suas instalações conectadas à caixa-d'água devem sentir menos os efeitos da redução de pressão e lembra ainda a importância do uso consciente da água por toda a população”, declarou a companhia recentemente desestatizada pela gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo o governo paulista, a economia prevista na primeira fase da redução de pressão era de 4 m³/s desde 27 de agosto, e o volume alcançado foi de 4,2 m³/s. De acordo com a Sabesp, foi economizado um volume suficiente para abastecer mais de 800 mil pessoas durante um mês, equivalente a uma cidade como São Bernardo do Campo. "A medida evitou uma queda maior do nível dos mananciais. No entanto, diante dos eventos climáticos e cenário de chuvas abaixo do esperado, foi preciso ampliar o período para a recuperação dos reservatórios", afirma o governo. Boletim do Comitê de Integração das Agências para a Segurança Hídrica, composto por Arsesp e SP Águas, aponta que o sistema responsável pelo abastecimento da região metropolitana operava na sexta com 32,8% de seu volume útil, índice 7,7 pontos percentuais inferior ao registrado em 2021. Os sistemas Cantareira e Alto Tietê, que concentram cerca de 80% da capacidade do sistema, registravam 30,3% e 26,1% de armazenamento, respectivamente. A média de queda na última semana foi de 0,26% ao dia. Crise de abastecimento A Sabesp está reduzindo a pressão da água por conta do baixo nível dos reservatórios. A estratégia é antiga e adotada ao menos desde a crise hídrica entre 2014 e 2016. Como efeito colateral, muitas casas podem ficar sem água durante a noite, especialmente nos bairros mais altos e afastados do Centro como já aconteceu em 2021. Na ocasião, moradores de toda a capital reclamaram ao g1 que a água acabava mais cedo do que o horário que normalmente era desligada, e depois a Sabesp admitiu a redução da pressão. Sabesp vai reduzir a pressão da água a partir de quarta (27) O objetivo da medida é reduzir o volume de perdas de água nos inúmeros vazamentos subterrâneos da rede de distribuição que ainda não foram identificados pela Sabesp. Quando a pressão é menor, a perda é, consequentemente, menor. "Durante o período noturno, o usuário pode perceber uma falta de água na sua torneira, mas ela deve voltar no início da manhã", explica o diretor-presidente da Arsesp, Thiago Mesquita Nunes. De acordo com a Arsesp, a situação é semelhante à observada em 2021, mas melhor do que a do ano 2014, quando ocorreu a crise hídrica mais séria do estado. Falta de água Moradores de bairros afastados do Centro podem ser afetados com a falta de água Renata Bitar/g1 No extreme Leste da capital, no Itaim Paulista, os moradores relataram à TV Globo que a falta de água não é novidade no bairro. "Faz um bom tempo que as pessoas estão sempre reclamando. Para nós, a noite é uma falta de água bem grande, especialmente para quem tem parentes doentes em casa, é complicado", desabafa a aposentada Teresa Godois. Muitos moradores têm que recorrer a caixa da água para não ficar no prejuízo, como é o caso do técnico de edificações Paulo Roberto. "Todos os dias eu chego por volta das as 22h30, e a água encerra literalmente, ela vai gradativa e zera. Passa esse período e só no dia seguinte, por volta das 4h30, ela retorna. Se esse período de seis horas já perdura, imagina se acontece durante oito horas? São duas horas a mais de ausência de água. É isso que nos perturba" diz Paulo. Mês seco As represas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo funcionam em dois regimes de chuva. Entre outubro e março, período chuvoso, é quando se forma praticamente todo o estoque de água responsável por garantir o abastecimento durante o ano inteiro. Já de abril a setembro, a quantidade de chuva é mínima. Essa variação é considerada normal para o clima da região. O que foge da normalidade é que, nos dois últimos períodos chuvosos, em 2023 e 2024, não choveu o suficiente para recuperar os reservatórios. Saldo de água das represas que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo Reprodução/TV Globo No período de chuvas de 2022, as represas chegaram a acumular mais de 715 bilhões de litros de água. Durante a seca do ano seguinte, a perda foi de quase 323 milhões de litros. Já nas chuvas de 2023, o volume armazenado aumentou em pouco mais de 312 milhões. O problema começou na estiagem de 2024, quando os reservatórios perderam 617 milhões de litros. As chuvas seguintes só conseguiram repor 177 milhões. Na atual seca, que ainda não terminou, a perda já soma 380 milhões de litros de água.